Nossa colaboradora: Dani Guidotti

"Olá, amigos! É a primeira vez que ocupo este espaço e o faço com muita alegria!

Quando a Patty me convidou para fazer parte da turma da Associação Chico Viale fiquei pensando sobre o que escrever, por onde começar e de que forma dividir com vocês um pouco do que eu tenho dentro de mim.

Então, conhecendo mais profundamente a história da Associação e a forma linda que a Patty descobriu para lidar com tão sentida dor, pensei logo em “cidadania”.

Afinal, cidadão é aquele que, passando por cima de interesses e vontades pessoais, busca o bem comum, ou seja, luta por seus direitos, mas é também cumpridor de seus deveres.

Vocês hão de concordar comigo, vivemos num mundo egoísta e desigual, onde, como nos adverte Roberto DaMatta (1997, p. 237), existem indivíduos e pessoas.

O indivíduo é aquele que recebe “a letra fria e dura da lei”, pessoa é aquela que tem diante de si a possibilidade de personalizar a lei. O primeiro tem como espaço a rua, onde cada um é um desconhecido e as regras valem para todos; o segundo, por sua vez, tem como espaço a casa, onde as relações de familiaridade, de amizade e vizinhança estabelecem diferenças entre cada um frente aos demais e onde as leis escritas do Estado não governam.

Não por acaso vemos tantas pessoas colocando-se a si próprias em patamares diferenciados, nos quais a sua relação com a lei é diferenciada, num descaso absoluto com um tanto de indivíduos que os rodeiam.

Ora, para que alcancemos a justiça, a fraternidade, a igualdade e tantos outros valores que deveriam permear a vida em sociedade, é preciso que sejamos, acima de tudo, coerentes. No entanto, estamos acostumados a ter “dois pesos e duas medidas”, queremos “vistas grossas” para os erros próprios e dos amigos, mas pugnamos pela condenação dos que não nos são caros. Buscamos as explicações mais ridículas para absolver nossos próprios pecados e articulamos os mais fundamentados argumentos a justificar a condenação do outro. Cobramos valores que nos encarregamos de violar.

Se insistirmos nesse caminho, continuaremos alargando as vias que nos afastam um dos outros, e a nossa convivência será infeliz e a nossa vida desencantada.

Dediquemo-nos a ser cidadãos de fato, deixando de lado a vaidade de ser pessoa e buscando a probidade do indivíduo, afinal, a isonomia é o corolário da justiça e sem esta não há nem ordem, nem progresso.

Abraço carinhoso,

Dani Guidotti"