Artigo escrito pela bióloga Liane Röhnelt Ramires
A partir de hoje, neste espaço, estaremos partilhando um pouco de nosso conhecimento sobre a fisiologia do sangue, em seus aspectos citológicos, histológicos, genética, compatibilidades, etc., numa linguagem não muito técnica, mas que não se permita nenhum distanciamento da fundamentação científica. Nossa intenção é que todos saibam um pouco mais deste tema, e com isso entendam porque é tão importante o gesto de doação e toda a mobilização necessária para que isso realmente aconteça.
Não só no homem, mas em todos os animais de maior tamanho e complexidade, muitas células estão bastante afastadas da superfície, e daí a necessidade de um sistema circulatório. O que transita por este sistema é uma solução aquosa, o sangue, que consiste de células em suspensão num fluido claro, amarelado, chamado plasma. As células, juntamente com as proteínas dissolvidas no plasma, conferem ao sangue um bom número de notáveis propriedades, o que comentaremos mais adiante.
Mas como acontece a produção destas células? Como elas não têm a capacidade de se multiplicarem, como acontece com as células da pele, por exemplo, que conseguem reconstituir o epitélio após uma lesão, as células do sangue dependem de outro tecido para sua produção. E isto acontece no tecido chamado hematopioético, encontrado na medula óssea vermelha, que está presente no interior de alguns ossos (costela, esterno, vértebras, ossos do crânio). Em pessoas jovens, até próximo aos vinte anos, também na extremidade de ossos longos, como fêmur, tíbia e úmero. É na medula que estão as células-tronco capazes de originar todas as células do corpo.
A parte líquida do sangue, o plasma, perfaz cerca de 55% do volume sanguíneo. Ele consiste de água, proteína e sais minerais, e serve de transporte de oxigênio, alimento, hormônios e excretas. Entende-se por excreta todo o material resultante do metabolismo celular (gás carbônico, uréia, etc). Já os elementos figurados, as células do sangue, perfazem 45%. Estes elementos são as hemácias (glóbulos vermelhos), responsáveis pelo transporte do oxigênio, os leucócitos (glóbulos brancos), com a função de imunidade e defesa, e fragmentos celulares que são responsáveis pela coagulação do sangue, as plaquetas.
No corpo de um indivíduo de 70 Kg há cerca de 5,5 litros de sangue. Neste volume, há aproximadamente 45 bilhões de glóbulos brancos, 30 trilhões de glóbulos vermelhos, e 1,5 trilhões de plaquetas.
HEMÁCIAS
Também denominadas glóbulos vermelhos ou eritrócitos, são os elementos mais numerosos do sangue, e duram cerca de 120 dias, sendo destruídos no fígado e no baço. São células circulares e sem núcleo, precisando ser substituídas por novas células produzidas na medula óssea.
As hemácias são importantes por conterem hemoglobina, proteína com ferro responsável pelo transporte de oxigênio. Esta associação entre a hemoglobina e o oxigênio origina a oxiemoglobina, que vai para todas as células do corpo. Mas ela também se associa facilmente ao gás carbônico, formando, nos tecidos, a carboemoglobina, que é levada aos pulmões. Com este transporte de gases respiratórios, a hemoglobina realiza o intercâmbio entre pulmões e tecidos. No entanto, quando sua concentração no sangue é baixa, temos o que conhecemos por anemia. Suas causas são diversas, como falta de ferro ou de vitamina B12, ou ainda as perdas crônicas de sangue. Sobre anemia conversaremos detalhadamente em um próximo encontro.
Como curiosidade, vale destacar o aumento do número de hemácias em pessoas que moram em lugares de grande altitude. Pelo que foi comentado acima, fica fácil de entender o porquê. Nestes locais, o ar é rarefeito, com baixa concentração de oxigênio. Logo, o orgnismo produz maior quantidade de hemácias para aumentar a captação do oxigênio e seu transporte às células.
Em nossa próxima postagem falaremos sobre os leucócitos, os glóbulos brancos, e sua relação com a defesa do organismo.
Abraço à todos!
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