quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Altos e baixos

27 de março de 2007 - ontem eu estava bem, confiante. Hoje, chateada. Sei que precisarei de muito tempo para absorver os últimos seis meses. Sei que o Francisco manterá contato comigo. Sei que a Fundação será muito importante para nós, mas principalmente para os outros. Sei de muita coisa, só não me pergunte como. O vento sopra nesta manhã quente de março e temo estar totalmente absorvida pela vida. Não tenho mais escapatória. Nada mais será ou soará futilidade. Nada mais poderá ser fuga. Quando a vida se apresenta de maneira nua e crua, não se vive mais no mundo da ilusão. É preciso ter coragem e assumir cada minuto. Penso muito no meu passado como reflexão. Nos ganhos e nas perdas. Nas transformações. Eu nunca fui má, mas fui imatura e deixei muita coisa passar desapercebida.

Pressinto chuva pelo vento, pelo coçar do nariz. Alguém deve estar morrendo e outros tantos devem estar nascendo, vivendo. A era dos espetáculos e das grandes emoções parece ter terminado. Tudo agora é mais discreto, mais acústico. O que acontecerá então?

Contei para a Elci (mãe do Alex, que foi colega do Fran) que fui testemunha do dia em que o Francisco nasceu. Era uma tarde linda, quente de janeiro. Eu brincava com o Marcelo (meu tio), na rua (Palmeiras, em Porto Alegre), lá na casa da minha vó Teresa. Minha mãe saia para uma consulta com a dra. Natália. Eu ainda toquei na barriga da minha mãe. Quando o Francisco foi para casa (dias depois), pequenininho, eu ficava extasiada com aquela figurinha. Os dedinhos dele. O jeito tão frágil. Quantas vezes fiquei a contemplar meu irmão. A Elci disse que pode ter sido um reencontro de vidas passadas... como viver sem este que foi a confirmação da minha infância, de parte da minha vida? Como pode existir no passado se já não existe no presente?

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