sábado, 29 de janeiro de 2011

15 de março de 2007 - quinta-feira

O Fran veio. Estou no Hospital com ele. Não fui na aula. Amanhã converso com o professor sobre minha vaga, minhas faltas...

Apesar de tudo não estou revoltada. Eu só queria estar dormindo um pouco melhor. Já se passaram 62 dias. Algumas pessoas ficaram revoltadas com a trasnferência. Acham que o Francisco irá levantar da cama e ter uma vida normal. Não posso culpá-las pela ingenuidade. Eu também desejo isto, mas chega uma hora em que é preciso abrir os olhos para o real. Mais de quatro médicos foram diretos: é questão de tempo. A medicina não oferece mais esperanças. A espiritualidade oferece, mas não nesta vida. Não estamos aqui para medir e comparar nossas dores, mas para construir uma nova vida. estou pensando errado? O tempo dirá.

O médico, aqui em Canela, proibiu as visitas. Apenas a família. Pessoas estranhas se concentram pelo corredor e na frente do hospital. Querem ver o guri que perdeu parte da cabeça.

É muito triste cuidar do Francisco neste estado. Ele estava respirando mal. Foi aspirado e agora respira mais tranquilo. Está quietinho, com febre de 38° e pressão 12 por 9. Passei creme nos pés dele, arrumei-os retinho (eles estão entortando) e ele parece querer dormir. Vou dormir um pouco com ele.

15h46min - Francisco dorme profundamente, bem quieto. Fico olhando para ver se ele não morreu, tamanha é a paz. Às vezes acho que estou louca, mas não sinto meu irmão, o espírito dele. Vejo apenas o corpo. Algumas vezes chorei. Talvez por perceber que tudo termina independente da nossa vontade.

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